O plantador de girassóis
Lá vai ele semeando azuis.
Passa por terras ácidas,
por marés graves,
que converte em focos de luz.
Deve ter uma orquestra no bolso
e sementes de sol no coração.
A fila cresce:
o que admira,
a que suspira,
a que padece.
O semeador avança,
a orquestra toca,
o mundo, sem querer, entra na dança.
A festa aumenta.
Se a noite ciumenta se apresenta
e em protesto espalha seu negrume,
o semeador derrete a escuridão:
seduz a estrela e acende um vagalume.
Cola-Tudo
Encontrei um verso fraturado,
caído na esquina da rua do lado,
Tinha se perdido de um coração saudoso
que passava por ali, desiludido.
Coloquei-o de pé,
emendei seus pedaços,
refiz suas linhas,
retoquei seus traços.
Afaguei suas dores como se fossem minhas.
Agora, novamente estruturado,
espero que ele não olhe para trás
e não misture sonhos
com amargas falências do passado;
que saiba enfeitar a estrela lá na frente
com fartos laços de rima colorida.
... pois é para o futuro que caminham
todos os passos apressados desta vida.
METADE
Quando vislumbro o mundo
pelo avesso,
paro, pondero
e decido honestamente
que mereço.
Quando espero
que a vida amanheça adocicada,
descubro de repente
que não fiz nada
pra ver isso acontecer.
Se Deus anda contraditório,
provavelmente há de ser
porque desacreditei
de seu último Ofertório
e me insubordinei.
Mas, se acaso meu amor anda malvado,
eu desatino e não aceito:
é impossível viver metade de um destino
com meio coração dentro do peito.
Flora Figueiredo
Lá vai ele semeando azuis.
Passa por terras ácidas,
por marés graves,
que converte em focos de luz.
Deve ter uma orquestra no bolso
e sementes de sol no coração.
A fila cresce:
o que admira,
a que suspira,
a que padece.
O semeador avança,
a orquestra toca,
o mundo, sem querer, entra na dança.
A festa aumenta.
Se a noite ciumenta se apresenta
e em protesto espalha seu negrume,
o semeador derrete a escuridão:
seduz a estrela e acende um vagalume.
Cola-Tudo
Encontrei um verso fraturado,
caído na esquina da rua do lado,
Tinha se perdido de um coração saudoso
que passava por ali, desiludido.
Coloquei-o de pé,
emendei seus pedaços,
refiz suas linhas,
retoquei seus traços.
Afaguei suas dores como se fossem minhas.
Agora, novamente estruturado,
espero que ele não olhe para trás
e não misture sonhos
com amargas falências do passado;
que saiba enfeitar a estrela lá na frente
com fartos laços de rima colorida.
... pois é para o futuro que caminham
todos os passos apressados desta vida.
METADE
Quando vislumbro o mundo
pelo avesso,
paro, pondero
e decido honestamente
que mereço.
Quando espero
que a vida amanheça adocicada,
descubro de repente
que não fiz nada
pra ver isso acontecer.
Se Deus anda contraditório,
provavelmente há de ser
porque desacreditei
de seu último Ofertório
e me insubordinei.
Mas, se acaso meu amor anda malvado,
eu desatino e não aceito:
é impossível viver metade de um destino
com meio coração dentro do peito.
Flora Figueiredo
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